Estava uma noite de chuva e fresca. O Bóbi precisava de ir à rua e ouvia-se um cão a ganir insistentemente. Nesta noite a minha mãe estava bastante doente e eu vim vê-la à, e quando aqui cheguei vi uns ciganos com um cãozinho.
Não liguei. Pensei que o cãozinho fosse deles.
Como o cãozinho não parava de ganir, o meu irmão foi ver o que se passava para tentar afastar o cãozinho daqui da porta para que o Bóbi não saísse porta fora mais desaustinado do que é usualmente.
Como o meu irmão nunca mais aparecia, eu fui ver o que se passava. Foi aí que vi o bichinho com atenção.
O meu coração ficou pequeno e apertado. Fiquei com um nó na garganta e vim para casa lavada em lágrimas. Era um cachorrinho e que havia sido maltratado.
Vim para casa aflita. Vim buscar leite e água porque ele nem dentinhos tinha para comer. Tinha tanta fome… Mas cada vez que bebia um golinho, gania. Devia sentir alguma dor. Por fim lá conseguiu beber meio litro de leite e aguinha.
O bichinho era tão pequeno e tinha tanto medo. Eu estava arrasada só de pensar que podia ser o meu Bóbi ou o meu Pimentinha. Um cachorrinho faminto, frágil e amedrontado.
Não podia deixar o bichinho na rua.
Disse ao meu irmão que iríamos levar o bichinho para a oficina, que não o podíamos deixar ficar na rua assim, com frio, medo e mal tratado. E assim foi. O bichinho ficou dentro de um carro velho, quente e aconchegado.
E tem sido assim de há umas semanas para cá. O bichinho é super dócil e meiguinho. Gosta de brincar e é muito beijoqueiro. É asseado e sabe que os cocós e o xixi são para serem feitos na rua.
Um bichinho tão amoroso e meiguinho, tão agradecido por gostarem dele e o tratarem bem, precisa de um dono.
Ele gosta muito de pessoas e gosta de brincar com crianças pois é muito sociável.
Eu não tenho condições de ficar com mais um bichinho. Já tenho o Bóbi e o Pimentinha e não tenho casa para ter um terceiro bichinho.
Se alguém quiser ficar com ele ou souber de alguém que queira adoptar o bichinho, deixe o seu contacto num comentário que não será publicado, uma vez que os meus comentários são moderados.
Pois bem, tenho a dizer-vos que neste fim-de-semana foi vivido um tórrido caso de amor lá em casa. Uma paixão tão grande, tão forte, tão envolvente que o parzinho não conseguia desgrudar um do outro. E sempre qe se separavam, havia gemidos de dor, ansiedade, saudade e tristeza.
Foi o que se passou com o meu cão Pimentinha e com… um cão de PELUCHE!!! Não sei se já algúem assistiu a um caso tão grave de paixonite aguda como este… Eu e o N. nunca tinhamos visto!
Certa vez, o N. encontrou um cão de peluche fofinho e sedoso que me ofereceu. Quando o Pimentinha o viu, e fazendo jus à sua costela de caniche, morreu de medo do boneco. Nem o podia ver… Fugia com medo!
Passado algum tempo começei a provocar ciúmes no Pimentinha, pegando no peluche ao colo e fazendo-lhe festinhas.
O medo e gelo inicial começou a dar lugar à ousadia e à audácia, e o Pimentinha começou a querer brincar com o peluche. Mas como o peluche não para ir directamente para a boca de um cão, esteve sempre colocado em sítios inalcansáveis, embora o Pimentinha andasse lá a cheirar a ver se lhe chegava.
Este fim de semana, o cupido acertou com uma flecha no coração do Pimentinha e o único ser mais aproximado à forma canina ali nas redondezas, era o cão de peluche. Foi sobre ele que recaiu a paixão do Pimentinha.
Demos-lhe o cão para ver o que o bicho fazia. Lambiscou-o todo, cheirou-o agarrou e depois tentou ter um contacto “mais íntimo” com o peluche!!! Epá, isso não…! O N. tirou-lhe o peluche. Coitadinho do Pi – forma abreviada de Pimentinha, como lhe chamamos carinhosamente - , ficou desolado. Andava só a rondar o sofá e gania à espera que o outro fosse ter com ele. Até fazia peninha…
Tivémos que esconder o peluche pois aquele caso de paixão estava a tornar-se realmente “doloroso”. O “pai” N. já não estava a achar piada nenhuma e a “mãe” Pessoinha, estava cheia de pena…
Acham que fui eu que incitei o bicho a ter este caso de paixão arrebatadora?!
Estes são os protagonistas da arrebatadora paixão. São tão fofinhos, não são? :)
Hoje é o Dia Internacional dos Animais. Não podia deixar de colocar aqui umas palavrinhas em jeito de homenagem aos meus dois cãezinhos lindos.
O Pimentinha foi uma surpresa trazida pela minha sogra pelo Natal. Ficou logo cá. Dos irmãos foi o que mais sorte teve pois é o único que é tratado com todo o cuidado, carinho e mimo. Por isso é que ele é um mariquinhas… :)
O Bóbi é filho de outro Bóbi que vivia na oficina do meu pai e da Nina que foi lá abandonada porque ia ser “muito grande”. Veio cá para casa ainda novinho porque na oficina fazia muito frio de noite e ele andava sempre doentinho. É um mimaças gigante… :)
Pergunto-me muitas vezes, como é que há pessoas que são capazes de abandonar os seus animais de estimação. Não suporto ver animais abandonados nem os que estão no canil para ser adoptados. Já sabemos que os que não são adoptados vão para abate. Fico sempre com o nó na garganta e com as lágrimas a correr. Meus ricos bichinhos…!